Marca das Olimpíadas Rio 2016 – parte 1.

Já está virando moda criticar marcas. Este mesmo blog criticou a marca de São Paulo como cidade sede da Copa 2014 pela sua plástica e seu projeto mal resolvido e a própria marca da Copa 2014, nem tanto pelo resultado, mas pela escolha dos jurados. Mas agora, escrevo em defesa da categoria e do projeto desenvolvido para a marca Rio 2016, abaixo segue meu singelo desabafo a um email recebido.

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Pessoal, com todo respeito, muito critério ao desconsiderar o trabalho alheio…
Como publicitário e designer, canso de ver produtos repetidos à exaustão e fico um pouco incomodado com esta situação. Existem plágios, profissionais irresponsáveis e de baixa qualidade sim, mas muitas vezes o cliente tem a palavra final.

Um engenheiro repete os mesmo cálculos todos os dias, um médico realiza o mesmo procedimento e receita os mesmos remédios todos os dias. Paulo Coelho ficou milionário com produtos em massa, bolsas Lui Vuitton existem várias IDÊNTICAS, Bugatti Veyron tem poucos, mas são iguais, Oscar Niemeyer é conhecido pela mesma curva de sempre, Sebastião Salgado, apesar de ter um PB inconfundível, pode ser confundido com outros excelentes fotógrafos que flutuam sempre na mesma estética e conceito. Sem falar no “Rei” Roberto Carlos, que enche o saco todo ano com as mesmas músicas há mais de 25 anos… somos livres para fazer nossas escolhas.
Vendo assim, fica difícil reinventar a roda todos os dias, ou mesmo acusar o Carlinhos de Jesus de farsante, pois ele ganha dinheiro com dança, mas antes dele Matisse pintou um quadro com dançarinos… sic.

Porque um designer ou diretor de arte não pode pesquisar referências na arte, na música ou mesmo nas curvas do Pão de Acucar? E se foi, diga-se de passagem foram muito bem escolhidas para resolver através de um ícone tudo o que foi dito pelo *** (autor do outro email) “citius, altius et fortius, rápido, para o alto e com força, é esse o lema das Olimpíadas” e sintetizar os objetivos de comunicar o evento. Não julgo a marca em sí, mas existe uma predisposição de criticar trabalhos de colegas de profissão e adotar critérios diferentes para ENALTECER outras formas de trabalho e ou aquisição de produtos.

Em tempo, a marca foi desenvolvida pela Tátil Design – http://www.tatil.com.br/ – do Fred Gelli (que já foi jurado na categoria Design do Cannes Lions). Visitem o site e vejam um pouco mais sobre a história desta empresa, pioneira no design sustentável e autora de excelentes projetos, além do conceito da marca.

Bem, é isso, preciso me despedir porque tenho o compromisso de criar o redesign de uma marca e valorizar o dinheiro o cliente deposita em minha empresa.

um grande ABRAÇO e boa luz!

Guilherme Brambilla

** Abaixo na íntegra o email recebido que acusa a marca.
Alguns amigos cariocas reclamaram do logotipo que foi escolhido para as
Olimpíadas de 2016, viram nele mais uma dança pouco máscula do que
propriamente um símbolo de jogos aonde o que se espera é técnica,
resistência e força… citius, altius et fortius, rápido, para o alto e
com força, é esse o lema das Olimpíadas.

Da minha parte tá tudo bem, afinal existem muitas modalidades que, apesar
de exigirem dos atletas uma tremenda força e vigor, dão a quem assiste uma
impressão de leveza e suavidade, a ginástica olímpica é um exemplo disso.

O que não está bem é o baita plágio que fizeram, porque esse desenho não
passa de uma adaptação de logo de uma fundação filantrópica americana
chamada Telluride.

Por sinal, esse próprio logo da Telluride Foundation já é um plágio, é
cópia de um famoso quadro A Dança, do Henri Matisse, na verdade um estudo
em dois quadros, sendo que o primeiro está no Museu de Arte Moderna de
Nova Iorque e o segundo fica se alternando entre os museus Hermitage de
São Petersburgo e Hermitage de Amsterdam.

Que mancada…

La Danse, de Henri Matisse.

3 comentários sobre “Marca das Olimpíadas Rio 2016 – parte 1.

  1. Essa é a primeira matéria que critica a crítica sobre esse assunto. Concordo plenamente com o que escreveu, e acrescento: Na comunicação nada é tão novo que possa ser considerado singular, nem tão velho que não possa ser reinventado. Como o próprio criador disse: “O que existe é que os elementos isolados são parecidos, porque são figuras humanas que estão em roda dançando, e isso é um signo universal.”

    • Olá Gian, a primeira crítica à crítica foi boa!
      Valeu pelos comentários e pela visita.
      Abraços Bexiga Amarela

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